sexta-feira, 23 de maio de 2008

Fé e sentimento estético


Hermann Nitsch

“O cuidado da qualidade espiritual do sensível é produzida nos lugares da experiência daquilo que é importante, não nos tempos destinados ao que é acessório: esta é a tarefa da educação estética que hoje se exige. Porque o decifrar dos sentimentos e das emoções, da sensibilidade e da interioridade tornou-se difícil e complexo. A experiência estética, quando não for reduzida ao elemento puramente lúdico e hedonista que ocupa o tempo livre (mesmo que esse elemento seja enobrecido com a retórica do evento cultural), é o lugar próprio da formação da consciência para a espiritualidade do sensível. Através dela, de facto, os símbolos vitais das emoções, que interpelam quanto à justiça última das coisas, tornam-se objecto de interrogação, de reflexão e de assimilação. Sem a mediação do imaginário e fora de toda a energia activada pelos símbolos do modo como o mundo ressoa em nós, o espírito é cego e mudo, mesmo relativamente às grandes questões do sentido. A interioridade não ganha forma, para o ser humano, nem se torna saber de si, sem a mediação simbólica do sensível… O dualismo da alma e do corpo instaura, em primeira instância, a antropologia do pecado, não a teologia da graça.”

Pierangelo Sequeri, L’estro di Dio, Milano 2000, 12.16.

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