quinta-feira, 10 de junho de 2010


As bolas de sabão que esta criança

se entretém a largar de uma palhinha

são translucidamente uma filosofia toda.

Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,

amigas dos olhos como as cousas,

são aquilo que são

com uma precisão redondinha e aérea

e ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,

pretende que elas são mais do que parecem ser.


Algumas mal se vêem no ar lúcido.

São como a brisa que passa e mal toca nas flores

e que só sabemos que passa

porque qualquer coisa se aligeira em nós

e aceita tudo mais nitidamente.


Alberto Caeiro

SP

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