terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A Alegria do Natal

Master of Moulins, c. 1480

A mãe Igreja, enquanto nos acompanha rumo ao Santo Natal, ajuda-nos a redescobrir o sentido e o gosto da alegria cristã, tão diversa da alegria do mundo. Neste domingo, segundo uma bonita tradição, as crianças de Roma vêm para fazer benzer pelo Papa as imagens do Menino Jesus que colocarão nos presépios.
É para mim motivo de alegria saber que nas vossas famílias se conserva o hábito de fazer o presépio. Mas não é suficiente repetir um gesto tradicional, embora seja importante. É preciso procurar viver na realidade de todos os dias aquilo que o presépio representa, isto é, o amor de Cristo, a sua humildade, a sua pobreza. Foi o que fez São Francisco em Greccio: representou ao vivo o cenário da Natividade, para a poder contemplar e adorar, mas sobretudo para saber pôr mais em prática a mensagem do Filho de Deus que, por amor a nós, se despojou de tudo e se fez menino.
A Bênção dos "Bambinelli", como se diz em Roma, recorda-nos que o presépio é uma escola de vida, da qual podemos aprender o segredo da verdadeira alegria. Ela não consiste em ter muitas coisas, mas em sentir-se amado pelo Senhor, em fazer-se dom para os outros e em querer-se bem. Olhemos para o presépio: Nossa Senhora e São José não parecem ser uma família coroada de êxito. Tiveram o seu primogénito entre grandes indigências. Contudo, estão repletos de alegria interior, porque se amam, se ajudam e, sobretudo, porque estão certos de que, na sua história, é Deus quem age, o Qual se fez presente no pequenino Jesus. E os pastores? Que motivo teriam para se alegrar? Aquele recém-nascido não mudará certamente a sua condição de pobreza nem de marginalização. Mas a fé ajuda-os a reconhecer no "menino envolvido em panos, e colocado numa manjedoura" o "sinal" do cumprimento, também para eles, das promessas de Deus para todos os homens "que Ele ama" (Lc 2, 12-14).
Eis, queridos amigos, em que consiste a verdadeira alegria: é sentir que a nossa existência pessoal e comunitária é visitada e colmada por um grande mistério, o mistério do amor de Deus. Para rejubilar, precisamos não só de coisas, mas de amor e de verdade, precisamos de um Deus próximo que conforta o nosso coração e responde às nossas profundas expectativas. Este Deus manifestou-se em Jesus, nascido da Virgem Maria. Por isso, aquele Menino, que colocamos na cabana ou na gruta, é o centro de tudo, é o coração do mundo. Rezemos para que cada homem, como a Virgem Maria, possa acolher, como centro da própria vida, o Deus que se fez Menino, fonte da verdadeira alegria.

Bento XVI

SP

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